Hoje, a freguesia de Peva vive da
sua história, da sua beleza que a enriquece por dentro e que a circunda, do
amor que lhe dedicam os seus filhos: ora investindo nela, ora fixando-se, ora
levando o seu nome a outros continentes.
UM POVO QUE SEMEIA
HÁ-DE SEMPRE COLHER
Muitos foram os que se obrigaram a
deixá-la para procurar noutras paragens retribuição mais justa para o seu
trabalho. Mas os que emigram para longe acabam por voltar. E os que a trocam
por metrópoles maiores dentro do País guardam carinhosamente a sua recordação e
se não a visitam regularmente sentem a saudade como sempre se deve senti-la, ou
seja, com fervor e angústia. Mas uns e outros conseguem sempre o que queriam (é
forte mesmo, o temperamento dos beirões retintos, um temperamento que antes-quebrar-que
torcer): transmitir o seu nome, a sua imagem aos que, não a sentindo como mãe,
gostariam de ser perfilhados por ela.
Freguesia muito “flagelada” pelo
fenómeno da emigração, a freguesia de Peva nem por isso perdeu a sua
agressividade, o seu orgulho, a sua forma própria de encarar sucessos e
contrariedades.
A teimosia – que no caso é mais bem
traduzida pelas expressões generosidade, confiança entrega plena – leva os
Pevenses a trabalharem com denodo e a apostarem apaixonadamente na sua terra.
Uma semente apodrecida não significa necessariamente que o solo seja estéril.
Há que semear de novo e de novo e de novo; há que fecundar a terra até que o
fruto nasça, sadio, a comprovar que afinal aquela semente podre foi apenas
prole do azar.
Soutosa e S. Martinho – duas aldeias da
freguesia que tipificam um estilo de vida que tem mais a ver com a resistência,
com a colagem a valores ancestrais, com o querer e o saber viver onde viveram
os nossos antepassados, com a vontade imensa de afirmar que os que nos serviram
de referência eram homens e mulheres sábios – são locais perfeitos para
buscar-mos as origens. Estando em Peva qualquer caminho nos leva ao lugar de
Soutosa ou S. Martinho em qualquer dos lugares percorrer-lhe o empedrado e sentir
as casas onde a nossa mãe podia ter vivido, aquecida no Inverno pelos animais
que tinham a sua guarida no andar térreo; ver-lhe as casas modernas que
significam que a vida não vai parar nunca, que hão-de vir netos e bisnetos e
que sobre eles há-de recair o peso agridoce de uma sólida herança afectiva;
saber que Peva, ali tão perto, se encarregará de as encorajar a crescer porque
é dali – daqueles lugares e tantos outros – que se espera o renovamento
contínuo da energia que espalhe o nome da freguesia de Peva (do bom nome de
Peva, das suas sementes de qualidade), da franqueza e da honestidade das suas
gentes, por todo o lado.
Peva toca-nos fundo. Se lá for, se
calcorrear as serranias que rodeiam e sentir a rudeza e a ternura de que a
freguesia de Peva é capaz, jamais a esquecerá.
De Peva
diz só o que sabes, diz-se. Não disse de mais.
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