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quarta-feira, 30 de março de 2011

Lembrar o passado, viver o presente e ter esperança no futuro


Hoje, a freguesia de Peva vive da sua história, da sua beleza que a enriquece por dentro e que a circunda, do amor que lhe dedicam os seus filhos: ora investindo nela, ora fixando-se, ora levando o seu nome a outros continentes.
UM POVO QUE SEMEIA HÁ-DE SEMPRE COLHER

       Muitos foram os que se obrigaram a deixá-la para procurar noutras paragens retribuição mais justa para o seu trabalho. Mas os que emigram para longe acabam por voltar. E os que a trocam por metrópoles maiores dentro do País guardam carinhosamente a sua recordação e se não a visitam regularmente sentem a saudade como sempre se deve senti-la, ou seja, com fervor e angústia. Mas uns e outros conseguem sempre o que queriam (é forte mesmo, o temperamento dos beirões retintos, um temperamento que antes-quebrar-que torcer): transmitir o seu nome, a sua imagem aos que, não a sentindo como mãe, gostariam de ser perfilhados por ela.
       Freguesia muito “flagelada” pelo fenómeno da emigração, a freguesia de Peva nem por isso perdeu a sua agressividade, o seu orgulho, a sua forma própria de encarar sucessos e contrariedades.
       A teimosia – que no caso é mais bem traduzida pelas expressões generosidade, confiança entrega plena – leva os Pevenses a trabalharem com denodo e a apostarem apaixonadamente na sua terra. Uma semente apodrecida não significa necessariamente que o solo seja estéril. Há que semear de novo e de novo e de novo; há que fecundar a terra até que o fruto nasça, sadio, a comprovar que afinal aquela semente podre foi apenas prole do azar.
       Soutosa e S. Martinho – duas aldeias da freguesia que tipificam um estilo de vida que tem mais a ver com a resistência, com a colagem a valores ancestrais, com o querer e o saber viver onde viveram os nossos antepassados, com a vontade imensa de afirmar que os que nos serviram de referência eram homens e mulheres sábios – são locais perfeitos para buscar-mos as origens. Estando em Peva qualquer caminho nos leva ao lugar de Soutosa ou S. Martinho em qualquer dos lugares percorrer-lhe o empedrado e sentir as casas onde a nossa mãe podia ter vivido, aquecida no Inverno pelos animais que tinham a sua guarida no andar térreo; ver-lhe as casas modernas que significam que a vida não vai parar nunca, que hão-de vir netos e bisnetos e que sobre eles há-de recair o peso agridoce de uma sólida herança afectiva; saber que Peva, ali tão perto, se encarregará de as encorajar a crescer porque é dali – daqueles lugares e tantos outros – que se espera o renovamento contínuo da energia que espalhe o nome da freguesia de Peva (do bom nome de Peva, das suas sementes de qualidade), da franqueza e da honestidade das suas gentes, por todo o lado.

       Peva toca-nos fundo. Se lá for, se calcorrear as serranias que rodeiam e sentir a rudeza e a ternura de que a freguesia de Peva é capaz, jamais a esquecerá.
       De Peva diz só o que sabes, diz-se. Não disse de mais.

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